terça-feira, 16 de junho de 2015

Excepcionalmente, um jig


Nao gosto de usar/fazer jigs.

Fundamentalmente porque bolar e construir um jig para facilitar uma coisa demora e da trabalho, e nao raro demora menos tempo e da menos trabalho fazer a tal coisa sem utilizar jig nenhum. Furas para dobradicas, por exemplo. Acho mais facil e mais rapido fazer na mao do que construir um jig para corta-las com tupia. A nao ser, claro, que precise cortar duzias de furas iguais, hehe.


(Mr. Norm Abram, protagonista do famosissimo (e saudoso) New Yankee Workshop, no entanto afirmava que fazia jigs nao para ganhar tempo, mas para melhorar a consistencia do trabalho. Tudo bem, inegavelmente faz sentido: qualquer coisa feita `a mao sempre tera variacoes, e um jig elimina tais variacoes. Mas Mr. Abram e' um mestre, domina a arte e a tecnica, praticamente nao tem mais nada a aprender.
Eu... sou apenas um curioso.)


Mas `as vezes nao tem jeito, so um jig resolve. Por exemplo, o mais demorado e complicado de colar uma laminacao em curva e' construir a forma, o jig. Mas sem a forma nao tem como.




Esse papo furado todo como preambulo para contar que na construcao de pecas do que pretendo venha a ser a base da comoda que estou tentando montar para o meu quarto me deparei com uma dessas circunstancias onde a unica saida foi um jig:


Querendo cortar espigas cilindricas nas extremidades de travessas longas, a opcao obvia era tornea-las; no entanto deparei-me com o problema de as travessas serem longas demais para serem colocadas entre pontas no barramento do torno. Matutei horas sobre maneiras alternativas de cortar as espigas, mas todos os metodos que imaginei esbarravam em dificuldades e imprecisoes. Ate que, ovo de Colombo, surgiu a ideia de utilizar a luneta do torno como apoio para a peca, utilizando um jig. Este ahi da foto `a esquerda, mais precisamente.

Como a porcao a ser torneada era na extremidade da peca, bem junto `a placa, nao precisei me preocupar com vibracoes no corte especificamente; apenas mantive uma velocidade relativamente baixa para evitar vibracoes na propria luneta — que afinal, convenhamos, nao e' das estruturas mais rijas ja construidas, hehe.


A coisa funcionou a contento — descontados alguns daqueles inevitaveis erros que afligem tudo que se faz pela primeira vez e que, um pouco por vergonha de te-los cometido, outro pouco para nao entediar meus sete fieis leitores com detalhes macantes, vou escusar-me de relatar...


 De todo modo, como disse, a coisa funcionou.

E, ainda que tendo de fazer um jig, consegui minhas longas travessas com espigas cilindricas cortadas nas extremidades:



2 comentários:

  1. Paulo, bom vê-lo às voltas com o torno novamente. Muito interessante sua solução para o uso da luneta com peças quadradas. Lauro

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    1. Fico vaidoso tenhas gostado da solucao que encontrei, Lauro.

      Verdade o torno nao tem sido protagonista, mas certamente e' coadjuvante frequente, hehe.

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